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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

FALANDO MUITO BEM EM PÚBLICO

FALAR MUITO BEM EM PÚBLICO: ARMA ESSENCIAL PARA O BOM ADVOGADO

FONTE:

MACHADO, Andréa Monteiro de Barros. Falando muito bem em público. São Paulo : Makron Books, 1999.



CAPÍTULO 1

1. O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NA "INTIMIDADE".

Mesmo com todas as sofisticações propostas pela modernidade, a comunicação interpessoal ainda é o que podemos chamar de mais eficiente no relacionamento e indispensável para que haja interação entre as pessoas. Isto porque ela é a melhor forma de passarmos a nossa informação justaposta com o sentimento, aquele que imprime mensagens que ainda não são traduzidas por palavras e sugestionam o ouvinte quanto à veracidade e o nosso comprometimento com o que estamos emitindo, transmitindo não só aquilo que nosso cérebro elaborou, como também nossa essência, traduzida pelo inconsciente em atitudes complementares que independem de nossa vontade e que são interpretadas pelo interlocutor simultaneamente.
Quanto à comunicação, podemos dizer que sempre foi objeto de pesquisa do homem. Era preciso haver um jeito de passar tudo o que era imaginado; tudo o que se tinha vontade com relação ao outro: iniciando pelas manifestações espontâneas, comuns aos animais (como gestos e sons como o choro ou o gemido), inventando-se um código verbal, misturando tudo isto até os dias de hoje quando se fala em linguagem subliminar - aquela capaz de levar o ouvinte a conclusões preestabelecidas sem ser por meio de uma linguagem direta, chegando possivelmente, em um futuro próximo, ao desenvolvimento do poder telepático, quem sabe!
Qualquer um de nós consegue passar um bom tempo sem escrever, mas dificilmente passaria um só dia sem falar ou ouvir.
Comunicação, de uma forma geral, consiste na transmissão ou recepção 9 de mensagens por meio de métodos ou processos convencionados. Os homens estabeleceram um código verbal, denominado linguagem falada; com representação gráfica, o código escrito e todas as outras manifestações conseguidas com nosso corpo ou qualquer forma de comunicação que não seja pela palavra falada ou escrita, nomeou-se código ou linguagem não-verbal.
Ao convencionarmos um código de linguagem verbal, passamos a ter efetivamente uma história, pois criamos condições de arquivar nosso passado e projetar o futuro, o que ficaria impossível sem o dom da abstração atribuído às palavras.

O mais importante é que nunca haverá unilateralidade na comunicação! Sempre serão necessários ao processo um emissor e um receptor e imprescindivelmente, um desejo. Para que haja comunicação, segundo Pichon, é preciso:
a) Apetite: que haja o desejo de comunicar-se. Este desejo é controlado pelas funções cerebrais e depende diretamente da estabilidade emocional do indivíduo. A instabilidade emocional pode prejudicar efetivamente a comunicação. Ao conferir um caráter, como por exemplo autoritarismo, à sua mensagem, o emissor deve lembrar que o receptor poderá reagir de diversas maneiras, dependendo de certas 'variáveis' do momento. Às vezes, uma mesma pergunta, pode gerar diversas respostas...

b) Ordenação: ligada diretamente à inteligência humana, ou seja, sua capacidade intelectual. A partir dela é que passamos a ser capazes de acumular nossas experiências vividas e reaproveitá-las posteriormente, adaptadas à nova situação. A ordenação depende também da sensibilidade do indivíduo para utilizar toda sua experiência de vida em prol da clareza de sua mensagem.

e) Capacidade sensório-motriz: ligada à habilidade de escolher o código de comunicação, processá-lo no cérebro, que vai, então, ordenar aos órgãos motores da fala a transmissão da idéia. A esta capacidade podemos atribuir a perfeita articulação das palavras e a voz que impressionam ao ouvinte. Algumas características anatômicas ou funcionais podem exercer grande influência no desenvolvimento da linguagem. Uma criança que não ouve bem, especialmente durante os estágios da aprendizagem da linguagem, pode aprender os sons da fala de forma distorcida. Da mesma forma, qualquer outro problema orgânico que interfira no desenvolvimento motor afeta a expressão lingüística. Mesmo problemas mais leves como má-formação dentária ou má-formação da mandíbula, podem afetar a linguagem no que diz respeito, principalmente, à articulação.

O modelo exposto representa a comunicação interpessoal, sujeita a interferências diversas e que podem ter origem tanto no emissor (quem elabora a mensagem) quanto no receptor (quem recebe a mensagem). Isto acontece principalmente por causa do “apetite” apresentado por estes interlocutores para esta comunicação.



A Psicologia Social tem verificado que raramente a mensagem é recebida tal como foi elaborada. Isso porque ela está sempre sujeita às intempéries do meio, da personalidade e do humor dos interlocutores. Este verdadeiro "Telefone sem fio" repercute diretamente na nossa sociedade, onde cada vez mais encontramos novas informações chegando ao mercado e cada vez menos relacionamentos são otimizados. Hoje em dia, dependemos da “Ouvirtude”, (conforme o brilhante Arthur da Távola escreveu), de nossos receptores.
Normalmente, diante da fala de outra pessoa, podemos estar ouvindo:
• O que queremos ouvir;
• O que imaginamos que o outro ia falar;
• Nada; apenas organizando contra-argumentos para dizermos em seguida; O que gostaríamos que o outro dissesse;
• Partes que nos agradam, agridam ou emocionam;
• Fragmentos do discurso, quando conseguimos prestar atenção (isso gera um mosaico de informações incabíveis);
• Podemos estar comparando com assuntos conhecidos anteriormente.

Ouvir passou a estar diretamente ligado aos nossos paradigmas, preconceito e estereótipos. Ao ler as palavras Político, Padre, Física, Adolescente, Sogra, Índio, Amigo, você já associou a cada uma, uma denotação. Isto acontece ao falarmos. Em vista disso, a primeira impressão que causamos passa a ser insubstituível. Se nos destacarmos como bons comunicadores, ótimo, senão ficará difícil transpor a barreira do preconceito. Além disso, poderemos estar sendo alvo de inveja, o que gera aquela comunicação onde a toda hora somos interrompidos por co- locações que têm como impulso a raiva ou sentimentos que sejam desenvolvidos pela pessoa que ouve e não exatamente pelo assunto abordado. Como resultado dessas "nuances", uma sociedade estressada e egocêntrica vai se formando, sem que haja uma solução rápida -a ser tomada.
Tantos problemas podem ser resolvidos com um simples sentimento: INTERESSE. Observe que o interesse é o bálsamo de toda comunicação eficaz. Quando os pais compreendem a fala de seus bebês, que só balbuciam pequenas palavras ou sílabas, estão interessados em manter aquela comunicação e estimular o contato de seus bebês com o meio. No entanto, quando as crianças crescem e já são capazes de "se virar" este compromisso fica quebrado pela rotina e falta de tempo de ambos os lados. Os adolescentes, então, desenvolvem uma mensagem ininteligível para os pais; cada grupo de trabalhadores desenvolve aquela linguagem relacionada a sua área de trabalho e o caos se vê instalado. Assim, quando nos vemos tendo de enfrentar um público formado por todas estas pessoas, entramos em pânico! Percebemos, então, que a comunicação eficaz ou não, depende, entre outros fatores, do nosso próprio relacionamento com o mundo desde que nascemos. Entretanto, passamos a ser responsáveis pela sua qualidade tão logo tenhamos condições de decidirmos o que queremos em nossas vidas. Sempre passível de melhora, a comunicação é um exercício constante e, sem dúvida, uma oportunidade de nos entregarmos ao outro, embora a falta de autoconhecimento leve muitos indivíduos a perguntarem a si mesmos: entregar o quê? O que há em mim que tanto interessa ao meu ouvinte? Isso é o que precisamos descobrir: comunicar então, é mais um exercício de autodescobrimento! Precisamos rever como tratamos nossos sentimentos, como os manifestamos e que tipo de coisa nos comove, irrita ou desperta todas as gamas de reações. Isso é importante para que saibamos posteriormente como utilizar estes mecanismos em prol de nosso autocontrole, do desbloqueio e da melhor utilização de nossas ferramentas pessoais, visando uma maior liberdade de movimentos e fluência nas idéias quando precisarmos nos apresentar em público ou mesmo em nossas comunicações interpessoais. O fato é que, quando nos relacionamos bem conosco, sempre temos uma boa chance de nos relacionarmos melhor com o meio.
A capacidade de ouvir é essencial à comunicação, tanto para quem fala, como para quem ouve. O hábito de ouvir deve ser desenvolvido para que, ao tomar a posição de emissor, sejamos cuidadosos com pormenores na mensagem que podem transformar-se em sutis, porém enormes bloqueios.

ESTEJA ATENTO AO SEU COMPORTAMENTO DE OUVINTE!

1. Para ouvir é preciso estar calado!
2. Coloque-se no lugar do outro e sinta onde ele está querendo chegar. Perceba o que está sendo dito em sua 'totalidade" corporal.
3. Quando necessitar de maiores esclarecimentos, pergunte. Incentive o diálogo, tornando-se acessível e compreenda o máximo da mensagem em questão. Ouvir não significa adquirir uma atitude passiva; requer atividade mental e envolvimento com o assunto.
4. Não seja ansioso. Espere o emissor terminar de falar. Deixe-o concluir seu pensamento. Controle suas emoções e seus preconceitos.
5. Concentre-se no que está sendo falado. Não se disperse. Não fique procurando argumentos para discordar.
6. Reaja à mensagem e não à pessoa que a emite: não deixe suas impressões pessoais influenciarem na mensagem. Não deixe que inferências corno "ele não sabe sobre o que fala", "que está apenas tentando convencê-lo", "que a verdade está sendo distorcida" etc., sirvam como barreira à comunicação.
7. Não queira ouvir nada, se sua cabeça está voltada para outro assunto! Se há um problema, tente resolvê-lo primeiro. A concentração é muito importante.
A condição de 'platéia' não iguala os ouvintes. O orador, ao falar para uma platéia, fala para cada um distintamente. Não seria tolice afirmar que quando alguém fala para cem pessoas, há cem pessoas ouvindo o que cem oradores estão dizendo.

CAPÍTULO 2. A LINGUAGEM NÃO-VERBAL

A linguagem não-verbal é toda forma de linguagem que não acontece por meio da interpretação de palavras. Note que a escolha da palavra certa no momento certo é uma linguagem não-verbal, mas a tradução da palavra em si é linguagem verbal. É ela quem confere aquele sentimento inexplicável" por outra pessoa e sua mensagem, sem que tenhamos tempo suficiente para realizarmos uma avaliação concatenada em fatos reais. Isto porque este tipo de comunicação acontecerá no subconsciente, diferente das palavras que desenvolvem-se conscientemente. São tão importantes que são capazes de viabilizar ou não o processo de comunicação, pois se gerarem um "bloqueio" no receptor, como por exemplo uma antipatia, certamente não conseguiremos transmitir absolutamente nada. Segundo Watzlawik, fenômenos paralingüísticos como tonalidade, rapidez, pausas, sorrisos, gemidos, posturas corporais, distanciamento ou aproximação, tom de voz, tremores vocais, gestos, escolha de certas palavras no discurso, movimentações vão travar o "caminho" que deverá seguir a recepção da mensagem. Investigações realizadas (veja A.Robbins, Unlimited Power, pag. 233 e segs.) verificaram que:
• 7% da comunicação se dá pelas palavras e seu conteúdo;
• 38% da comunicação se dá pelas nuances da voz humana: tonalidade, velocidade, altura, melodia etc;
• 55% da comunicação se dá pela linguagem corporal: gestos, posturas, movimentação, expressão facial, respiração etc.

QUANDO O CORPO TRAI A MENTE

Em uma apresentação podemos ser traídos pela linguagem não-verbal que emitimos com nosso corpo, como por exemplo, passar uma idéia de que estamos nervosos ou que somos agitados porque estamos andando como "leões enjaula- dos" no palco, ou desorganizados por apresentarmos nosso material de forma imprópria. Enfim, são tantas as pistas que deixamos de nós mesmos que mesmo antes de nos apresentarmos já estamos dizendo a que viemos. O melhor que temos a fazer é relaxar e procurar deixar uma boa impressão, de uma forma bem simples: adotando uma postura receptiva, aberta e disposta a enfrentar a situação com tranqüilidade. Relaxe!

TIPOS COMUNS DE "TRAIÇÃO”

1. O comunicador sente-se inibido com certa pessoa na platéia, então tende a ignorar aquela região onde ela está sentada; ou pior, precisa impressionar alguém na platéia e faz a sua apresentação apenas para aquele indivíduo, esquecendo do resto dos ouvintes:

2. O comunicador não sabe o que faz com as mãos, coloca-as no bolso. A situação ainda é mais agravante, se no bolso existirem chaves ou moedas, o barulho concorrente leva a platéia à loucura;

3. O comunicador tem tendência a gesticular demais. Gesticula tanto, mas tanto, que entre estes gestos aparece um mais obsceno ou mesmo acerta alguém que esteja próximo com um "cruzado' inusitado, além de já ter corrido o risco, várias vezes, de derrubar o copo de água que se encontra perto do outro ocupante da mesa a que ele faz parte. A platéia fica no aguardo do incidente com tanta expectativa que se esquece de prestar atenção no discurso...

4. O comunicador porta uma caneta apontadora e a transforma em uma verdadeira espada!

5. O comunicador tem um comportamento vicioso, como por exemplo passar as mãos nos cabelos ou empurrar os óculos com o dedo indicador, faz isto tantas vezes que a platéia começa a contar a incidência! E, o que você me diz daquele indivíduo que estala os dedos?
6. O comunicador se perde em suas memórias... Prende o olhar no teto do ambiente e vaga seus pensamentos entre os holofotes, trilhos de luz, sujeirinha no canto da parede... Bem, sobre o que estava falando mesmo, hein?

7. O comunicador é do tipo que fala baixo. A platéia reclama, ele aumenta o volume de voz, mas em seguida volta a falar baixo. A platéia reclama novamente, ele comete o mesmo erro... Sua apresentação transforma-se em um verdadeiro cabo de aço!
São tantas as traições normalmente encontradas em apresentações que, na verdade, o mais prático é nos tornarmos críticos o bastante para repararmos quais aquelas que cometemos com freqüência e eliminá-las. O segredo? Bem, não existe um método mais eficiente do que o autocontrole. Preste atenção em você e divirta-se! É como livrar-nos de um comportamento vicioso: só com a consciência do ato, muita boa vontade e obstinação é que conseguimos! E mais: quanto mais nos expomos em público, mais nos aperfeiçoamos! Não se "preocupe" com os seus erros! Ocupe-se pensando em como chegar ao acerto! Esta é a melhor maneira de melhorar sua performance!

PONTOS IMPORTANTES DA LINGUAGEM NÃO-VERBAL

Existem partes do nosso corpo que são realmente muito importantes para a comunicação eficaz. É nessas partes que devemos concentrar nossa atenção no sentido de utilizar seu potencial de forma otimizada, buscando realmente o sucesso da apresentação. Para isso, devemos:


Dentro da linguagem oral:

• Escolher palavras que sejam da realidade particular daquele grupo de pessoas, para que não venhamos a receber títulos do tipo "pragmático", "pedante" e outros, que todo aquele que procura afastar-se de seu público por meio da escolha de palavras difíceis recebe.
• Evitar o uso de gírias, vícios lingüísticas do tipo "né", "entende", "ok", entre outros.
• Evitar palavras de baixo calão, excesso de piadas (principalmente se o nervosismo e uma discreta falta de talento para contá-las impedirem de obter êxito no momento).
• Evitar a famosa 'pausa lingüística para pensar" traduzida em "hammm" ou qualquer outro som sem valor.
• Escolher bem as palavras, com o objetivo de não pecar pelo exagero de termos técnicos ou de ser simplório demais!
• Conhecer bem os termos a serem abordados para não ser surpreendido com uma palavra mais difícil de ser pronunciada e ser submetido a um verdadeiro trava-línguas em frente ao seu público!
• Falar claramente, com boa voz, boa dicção, boa entonação, boa velocidade no discurso. Assumir sempre um discurso objetivo, em que haja o menor espaço possível para interpretações diferentes daquelas desejadas. Por ou- tro lado, inserir situações metafóricas é muito instigante, pois leva a pla- téia a pensar, e isso é muito interessante para o sucesso da comunicação.

MANTENDO O BOM HUMOR
Guia de discurso para uso de tecnocratas principiantes

O Manual Universal do Político Tecnoerático a seguir, foi originalmente publicado pela Zucle Warszawy (um periódico do governo polonês) e se constitui em um mecanismo que desmascara a prolixidade e falta de conteúdo da linguagem oficial. A maneira de empregá-lo é muito simples: inicia-se sempre o discurso pela primeira coluna, passando em seguida para qualquer casa da segunda, depois para a terceira escolhendo também qualquer casa e finalmente para. a quarta coluna. Depois retorne imediatamente para a primeira coluna (só tenha o cuidado de excluir a primeira casa) e assim, de coluna em coluna, são possíveis 10.000 combinações, para um discurso pomposo e inócuo de até 40 horas.

Dentro da Imagem Corporal
Observação da postura corporal: fique atento a sua postura. Mantenha uma postura tranqüila, sem contudo parecer relaxado. Além disso, apresente-se bem-vestido, arrumado e disponha seu material de forma organizada. Principalmente no Brasil, o público é muito crítico com relação a isso. Se você está criticando esta observação, faça uma experiência: vá a uma loja de automóveis vestido informalmente e peça para fazer um test drive, indicando uma intenção de compra. Volte bem-vestido e peça a mesma coisa, sem esquecer de verificar a performance do vendedor, é claro!


Principalmente, não cometa exageros! Não vá apresentar-se com terno e gravata em um local onde a platéia usa uniformes, ou não use aquele terno marrom se as cortinas do auditório forem do mesmo tom...
Se você for ficar em pó, procure apresentar-se confortavelmente, mas evite desmanteles do tipo botões mal-abotoados, fechos quebrados, roupas apertadas. Se estiver sentado, observe principalmente se as meias estão bem esticadas; no caso de mulheres, não se apresentem com vestidos muito curtos, verifiquem se não há furos na meia fina, se o botão da blusa pode causar um desvio da atenção da platéia, isto vulgariza sua imagem. Verifique também, ao usar jóias, que estas não reflitam a luz do local e, principalmente, que não façam barulho quando estiver gesticulando. Muito cuidado com perfumes exagerados, pois são um problema para alérgicos! Se você usa óculos, tome cuidado para que as lentes também não reflitam muita luz. O ideal é apresentar-se sem eles (obviamente, quando possível). Lembre-se de não provocar nenhum tipo de competição com a sua mensagem.

Observação da freqüência e profundidade respiratória: imaginem iniciar um discurso em um microfone potente, com uma respiração ofegante. O que vocês acham que o receptor iria interpretar? Nervosismo, ansiedade, tudo o que acompanha este tipo respiratório. Por outro lado, perceba também a respiração de seu público se isto for possível: uma platéia com respiração profunda, pode denotar cansaço, desestímulo. Indica que e hora de mudar o padrão que vinha adotando, alterar velocidade e altura da sua voz, por exemplo, é uma boa opção. Muito cuidado com movimentos repetitivos como empurrar óculos com a ponta dos dedos ou arrumar os cabelos, isso também é um convite à distração da platéia.

A voz é uma forma sonora de dizer o que somos: estudos comprovam que a voz é capaz de ser mais eficiente do que uma digital, pois cada ser humano tem o seu tom fundamental específico, individual e único. Por ser um item tão importante em nossa comunicação, abordaremos de forma mais detalhada a seguir.

Gesticulação: certa vez, um apresentador resolveu falar sobre a corrupção no Brasil. Ele desenvolveu seu tema muito bem, não fosse o fato de ter mantido a mão direita o tempo todo para trás. Embora ele tenha discorrido defendendo a punição e colocando-se contra a corrupção, a platéia, ao final de sua apresentação (tratava-se de um exercício de desinibição, feito em um curso de Como Falar em Público), ao conferir-lhe uma avaliação, atestou que não acreditaram em seu posicionamento, pois o ato de esconder as mãos é subliminarmente uma informação de que estamos "escondendo" alguma coisa! A gesticulação é muito importante! O gesto contribui para a compreensão do que está sendo dito. Ele complementa a palavra - não a substitui - e, portanto, tem de estar de acordo com ela. A gesticulação eficiente nas apresentações em público é aquela feita acima da cintura e abaixo do queixo, caso estejamos em pé.

Ao nos apresentarmos sentados, os gestos devem ser moderados, mão repousando sobre a mesa sempre que não puder complementar o discurso. E para aqueles que não sabem o que fazer com as mãos, mantê-las sempre à frente do corpo, podendo estar apoiadas uma na outra, mas nunca manter os braços cruzados para isto! Não devemos gesticular na altura da cabeça, pois impedirá a leitura de nossos lábios e mímica facial. A gesticulação também deve acompanhar o conteúdo do que está sendo dito, e não precedê-lo. Os gestos devem ser adequados e bem-dosados, em uma velocidade que traduza tranqüilidade, mas que nem por isso caia em monotonia. A função básica é complementar a fala e não roubar-lhe a cena! Faça uma pesquisa: observe os gestos que representam partilha, passado/futuro, seqüências, união/separação, energia, negação/afirmação nos diferentes grupos sociais que fizer parte. Será que existem semelhanças entre políticos, religiosos, camelôs, pedintes, professores? A propósito: não aponte com o dedo para ninguém. Use o braço, esticado, para apontar. Pior ainda é apontar o dedo indicador para a platéia. Algumas pessoas, por mau costume, têm o hábito de falar com o dedo indicador em riste sem se darem conta que muita gente tem sérias restrições a este tipo de conduta, que lhes parece agressiva e grosseira. A não ser em situações muito especiais, evite qualquer tipo de contato físico com a platéia, tais como tapinhas nas costas, mão no ombro etc. Da mesma forma, nunca se aproxime demais de alguém a fim de ouvir melhor uma pergunta ou ponderação. Peça, gentilmente, que a pessoa se expresse em voz alta e, quando for responder, responda para “todas as pessoas” e não exclusivamente a quem perguntou; porém, já mais esqueça de agradecer a pergunta ou ponderação feita, mesmo que contrarie as posições que você está defendendo.
Quando estiver fazendo uso de microfones: se este for fixo em uma mesa ou púlpito, mantenha uma distância razoável do mesmo, procure falar pausadamente e principalmente pondere os gestos para evitar esbarrar no aparelho e causar um barulho incômodo no ambiente. Se for um microfone de lapela, aja naturalmente, a tridimensionalidade de sua voz se encarregará de garantir a qualidade da projeção vocal. Não é preciso “abaixar a cabeça” ou fazer qualquer gesto para facilitar a projeção de sua voz neste aparelho.
Se o microfone estiver em suas mãos, mantenha-o a uma distância razoável de sua boca, evite encostá-lo em qualquer lugar que seja e fale normalmente.

A expressão ou mímica facial, são os movimentos conseguidos com os músculos da cabeça, olhos, nariz e lábios. O ideal é uma postura relaxada dos músculos e sorrisos, que vão representar uma postura receptiva. Sorrisos são sempre bem-vistos, porém não passe uma imagem artificial, nem se exceda! Muito sorriso dá abertura ao seu interlocutor, que se sentirá familiarizado com você. Para manter uma certa distância, mantenha a simpatia controlada! Não seja excessivamente acessível, pois isto decresce o seu grau de notoriedade!

Atenção ao olhar: Os olhos podem ser cúmplices da comunicação ou, simplesmente, inimigos. Quando falamos, eles exercem uma função paralela que pode transmitir confiança ou dúvida, dependendo de como "ordenamos" que se comportem. Ao falar em público, o olhar deve ser amplo, dirigido a todas as pessoas. Você não pode e não deve concentrá-lo em uma única pessoa ou direção, nem tampouco falar só para a primeira fila. Agindo assim você põe em risco a sua atuação, pois logo os demais se sentirão preteridos e começarão a se dispersar. Contato visual significa olhar como se você estivesse falando a cada pessoa individualmente. É olhar nos olhos, se apresentando integralmente. Este tipo de atitude promove a atenção e o interesse mesmo quando o apresentador não consegue ver o auditório. Uma técnica recomendável para quem é "marinheiro de primeira viagem" em apresentações para grandes platéias, é se acostumar a falar olhando para as pessoas das últimas filas, fazendo um sobrevôo sobre a platéia de vez em quando. Ao fazer isso, todos terão a sensação de estar sob permanente vigilância do orador. Também não é recomendável desviar os olhos, fixando-os no teto, paredes ou qualquer outro ponto morto do ambiente. As pessoas para quem você fala devem perceber e sentir que você está falando com elas e para elas.

Justamente pela resposta que a percepção de seu público lhe proporcionará e pelo significativo incremento que o seu corpo traz à comunicação é que não se recomenda que o apresentador se esconda atrás de uma mesa, embora eventualmente possa ficar lá. Para facilitar o contato e poder aumentar a varredura visual, o apresentador pode e deve se deslocar de sua posição central e adentrar mais o grupo, seja indo e vindo em um passeio pelo centro do auditório, como por um dos lados, quando isso for possível.

Curiosidade sobre olhar:
Faça uma experiência: Peça para uma pessoa imaginar um elefante roxo de bolinhas vermelhas e observe a posição que os olhos dela irão assumir. Certamente irão colocar no lado direito, no canto superior (podendo variar apenas no caso de canhotos). Pesquisas realizadas pela neurolingüística, perceberam que a maioria dos indivíduos tende a assumir um comporta- mento único diante do resgate mental de determinados estímulos ou sua criação.
Os movimentos direcionados para o lado direito, estariam ligados à criação da imagem, da experiência não vivida anteriormente, mas criada - imaginada naquele momento. Os que se direcionam para a esquerda do corpo, estariam ligados à lembrança do fato real, vivido anteriormente, experimentado pelo indivíduo. Ao elevarmos os olhos estaríamos nos relacionando com estímulos visuais: uma imagem, um fato que tenha impressionado pela visão.
Existe uma certa empresa de venda que inclui na lista de requisitos de seus funcionários o uso de gravatas com cores berrantes. Certamente esses vendedores serão lembrados por seus clientes pela gravata. Quando os olhos se posicionam lateralizados, referem-se a estímulos olfativos. Um perfume agradável, uma comida com cheiro delicioso, o cheiro de mofo daquele auditório etc... Quando os olhos se posicionam para baixo, referem-se a experiências cinestésicas e gustativas. Um gosto especial naquela comida, a sensação de fugir de um perseguidor etc...
Inconscientemente, todas as pessoas percebem esses movimentos e de alguma forma, reconhecem a ação. É importante que saibamos estes detalhes para que possamos passar melhor nossa imagem. Concluímos que, em uma comunicação, o melhor lugar para nossos olhos é o olho do outro. Dessa forma não deixaremos pistas da origem de nossos argumentos, além de percebermos o que se passa na cabeça de nossos ouvintes. Expressões como franzir a testa, comprimir os olhos, poderão estar "dizendo' que a mensagem não está compreensível. Fique atento às pistas que o ouvinte está dando!

RAPPORT

É a partir da linguagem não-verbal que podemos estabelecer o rapport com nossos ouvintes. Entende-se por rapport (do francês rapporter) a relação harmônica entre partes. Nesta relação, emissor e receptor interagem com afinidade e concordância, em uma relação de confiança, a fim de atingirem um objetivo comum. Baseia-se no princípio de que para confiar no preço do outro é preciso, antes, confiar no sujeito. É a valorização da confiança, amizade, integridade, boa vontade e cavalheirismo, com reconhecimento das forças de cada um.
Necessitamos atingir o rapport, pois ele é condição imprescindível para o processo de comunicação. Ele acontece como um meio de cativar a empatia do ouvinte. O rapport tem sido largamente estudado nas diversas correntes psicológicas existentes no mundo, porque se tornou um elemento fundamental para qualquer relacionamento: seja na família, nas escolas, nas negociações e relacionamentos empresariais ou qualquer situação em que duas ou mais pessoas se reúnam por um objetivo. Quando o rapport se estabelece, o espelhamento entre as partes começa a acontecer. As pessoas começam a, reciprocamente, copiar os movimentos, o ritmo respiratório, enfim, as manifestações não-verbais. 1 como se houvesse neste momento um encaixe perfeito - a harmonia, descrita pela postura positiva que cada elemento desta comunicação assumirá. Em contrapartida, uma postura desleixada, ausente, com olhar longínquo e muito freqüentemente rabiscando algum pedacinho de papel, quer dizer que não ouve o rapport.
Embora aconteça muitas vezes de forma subconsciente, o rapport pode ser usado conscientemente, a partir do momento em que percebemos os padrões de comportamento do ouvinte.
Uma forma bem clássica e eficiente de induzir o rapport em uma apresentação, é iniciar a mensagem com acontecimentos ligados àquele grupo de pessoas, demonstrar interesse pela situação social e estar informado dos mais recentes acontecimentos e novas tecnologias no setor, pois colocar-se solidário é uma boa forma de cativar. Por exemplo, se falamos para indivíduos ligados à Informática, devemos inserir termos e exemplos dentro desta área de atuação, valorizando o trabalho do interlocutor.
O objetivo maior da preocupação em manter o rapport é fazer com que o receptor sinta-se bem na sua presença! Isto acontece quando ele tem a oportunidade de verificar que você o compreende em sua essência e o deixa à vontade para ser o que ele realmente é, tendo suas características pessoais (as conscientes e as inconscientes) respeitadas. A partir daí você terá conseguido o respeito e conquistado a confiança do seu ouvinte, podendo então passar para o segundo passo que consiste em "conduzi-lo" para aquele resultado que você deseja obter.
Você deve estar pensando que tudo isso é humanamente impossível conseguir, mas muitas vezes você deve ter passado por situações em que acontece exatamente o que foi descrito acima. Veja: com certeza você à teve a oportunidade de conversar com alguém que ao final de sua exposição sobre uma situação, foi capaz de resumi-Ia em poucas palavras. Você concordou com o resumo e, em seguida ela continuou a falar dando sua própria conclusão do caso. Esta é uma clássica situação em que o interlocutor utilizou-se de sua vivência pessoal de um problema, resumiu-a aproveitando palavras suas e conduziu seu pensamento para sua própria visão pessoal. Não que ela tenha feito isto de forma proposital, mas o fato é que ela inibiu qualquer iniciativa sua de questionar a solução encontrada, como se ela tivesse tido a oportunidade de ler seus pensamentos e ajudá-lo a concluir o fato! E no final você ainda teve a impressão de estar conversando com um verdadeiro amigo que lhe conhece profundamente!

A VOZ

A palavra falada é dinâmica, modular e tem extensões que lhe dão formas adequadas ao momento ou à situação em que é proferida. Assim sendo, é necessário refletir um pouco sobre o fenômeno da voz - um dos atributos da nossa fala - ao discorrer sobre a comunicação propriamente dita. Entende-se por voz os sons produzidos pela laringe, enquanto fala é a articulação dos fonemas. Esses sons, mentalmente organizados, são capazes de expressar uma idéia que pode ser entendida por outra pessoa. Quando isso ocorre, podemos dizer que a missão foi cumprida, ou seja, estabeleceu-se a comunicação.

Atenção à voz

De um modo geral as pessoas não dão atenção devida à própria voz, a não ser quando uma laringite ou laringite afeta a sua normalidade. Fora dessas circunstâncias, a própria voz soa como algo comum. Pois é este o primeiro cuidado a ser tomado: a sua voz satisfaz as suas expectativas? E as expectativas dos outros? Sim, pois a voz que você ouve não é a mesma que os outros estão ouvindo. Durante cursos, são dados muitos depoimentos de que, ao ouvir a própria voz em um recado gravado na secretária eletrônica, a pessoa mal a reconheceu. Outros acham a própria voz infantil, enrouquecida, sem graça nenhuma. Muitas vezes isto não condiz com a realidade. O segredo é que o seu ouvinte ouve o som que você produz nas cordas vocais, graças a um sopro aéreo emitido pelos pulmões, que se propaga em contato com seu sistema ressoador formado pelo tórax e pelas cavidades nasobucofaríngeas. Ouvimos a nossa voz também cora ressonância de ossos do nosso crânio, o que a modifica bastante. Além disto, incrementarmos nosso parecer quanto à qualidade de nossa própria voz com aspectos que formam psicologicamente a nossa auto-imagem. Notem que a origem da voz, portanto, está na respiração, pois os pulmões são o gatilho de tudo. Por isso, é muito importante assumirmos maior responsabilidade quanto à qualidade de nossa respiração, que deve ser diafragmática, ou, em termos mais simples, aquela que faz com que nossa barriga se infle durante a inspiração e murche na expiração. Os ombros não se mexem durante este processo, nem tampouco inflamos o peito, como comumente ouvimos pessoas leigas afirmarem. Se desejamos aprimorar nossa voz falada, devemos observar também que alguns procedimentos diferem da voz cantada.
Um excelente teste para avaliar a qualidade da sua voz e preparar-se para falar em público é trancar-se em um quarto e, com o auxílio de um gravador, ler um texto em voz alta. Depois é só ouvir a gravação e ir marcando no texto as palavras ou períodos onde a sua voz não lhe pareceu audível ou bem colocada. Ouça, no mínimo, umas três vezes a fita e depois repita o exercício, corrigindo os erros assinalados. As ocorrências mais comuns são diferenças no volume do início para o fim das frases, falta de fôlego para cumprir a pontuação indicada, monotonia, entre outros. Evolua este exercício passando a falar de improviso em vez de ler algum texto.
A voz é um dado fundamental a todo aquele que deseja aprimorar sua capacidade de relacionar-se com o outro. Isto porque é ela quem mais informação trará sobre o mundo interior de seu interlocutor, travando um elo realmente forte com ele. Precisamos ouvir a voz do outro! Isso acontece fenomenalmente desde que somos crianças: nos acalmamos ao ouvirmos a voz da nossa mãe Preferencial de segurança e conforto), vamos nos educando a horários ao ouvir- mos a voz de determinadas pessoas, vamos registrando tudo em nossa mente até chegarmos ao ponto em que estamos: conseguindo perceber nuances de amor, de austeridade, de responsabilidade, de alegria, apenas ouvindo o outro, sem preocupar-nos com a mensagem proferida. E também aprendendo a ser mais carismático, mais carinhoso, mais bem-aceito, aprendendo a utilizar a voz certa, na hora certa!
EXERCÍCIO PROPOSTO: pronuncie a mesma palavra, associando a esta sentimentos de raiva, amor, pena, dúvida, ódio etc. Peça a alguém próximo que ouça a sua voz e tente adivinhar o sentimento que você está tentando expressar.

A estética vocal

Sabemos que as palavras assumem significados diferentes em situações diferentes e em épocas diferentes, porém, o que é mais impressionante, é que elas abrangem uma escala bem maior de significados quando pronunciadas por vozes diferentes. Um escritor depende tão-somente das palavras e das regras de gramática para expressar os seus pensamentos. Já o orador, precisa mais do que isso. Eis os quatro princípios que devem ser usados na expressão oral:

1 - Pontuação

Em oratória, uma pausa sem qualquer som corresponde a uma vírgula, um ponto, um ponto-e-vírgula, dois pontos ou reticências. É preciso que o orador tenha consciência deste tempo de 'silêncio" já que, mais do que uma simples interrupção, ele é um 'indutor psicológico". É o tempo que o ouvinte precisa para "respirar' a mensagem e entendê-la mais corretamente. Em um discurso, muitas vezes um breve silêncio vale por uma centena de palavras. Um bom exercício para melhorar a pontuação na oratória é a leitura de poesias, procurando modificar-lhe o sentido, apenas mudando o local das pausas de silêncio.
Faça este exercício: leia a frase a seguir, de Gandhi, fazendo a pausa após as palavras em negrito. Ouça com cuidado a diferença que isto vai ocasionar.
'Cada um tem que encontrar a paz em seu íntimo. E a paz, para ser verdadeira, não pode ser tumultuada pelas circunstâncias externas."
"Cada um tem que encontrar a paz em seu íntimo. E a paz, para ser verdadeira não pode ser tumultuada pelas e circunstâncias externas".

2 – Projeção

Para projetar a voz o orador precisa saber controlar a respiração de forma que aproveite bem a sua capacidade pulmonar. Senão, ele será obrigado a fazer pausas respiratórias repetitivas para seu abastecimento aéreo e assim prejudicará a cadência do discurso. Observe, entretanto, que projetar a voz não é gritar. É dar-lhe pujança e vigor na hora em que isto se fizer necessário. O som propaga-se de forma tridimensional e por isto devemos falar em uma altura razoável para o centro do ambiente, garantindo assim menor esforço de nosso aparelho fonador e melhor conforto para nossos ouvintes.

3 – Volume

O “volume” acrescenta cor, variedade e vibração a sua voz. Falar todo o tempo com um único volume de voz é cansativo para quem ouve. É preciso modular adequadamente a voz, aumentando e abaixando segundo as exigências do mo- mento. É importante, contudo, observar que há formas de 'variação" que são desestimulantes para uma platéia:

• Alto demais: intimida os ouvintes, que passam a considerar o orador ameaçador ou insuportável. Também tem o inconveniente de prejudicar o mecanismo da fala;
• Baixo demais: no inicio as pessoas ainda tentarão ouvi-lo mas, aos poucos, cansarão e perderão o interesse pelo que está sendo dito;
• Estridente demais: quando a pessoa está estressada ou ansiosa tende a falar com estridência e, quanto mais estressada, mais estridente fica. O público percebe esta situação e se torna irritadiço também, por empatia.

4 – Ritmo

É a velocidade que você imprime ao seu discurso. Há momentos em que "falar devagar" se faz necessário, enquanto em outros, falar depressa não faz a menor diferença. Assim sendo, é preciso dosar direitinho a velocidade. Na hora de passar uma informação importante, reduza o ritmo e fale mais pausadamente. Depois retome a velocidade original e siga em frente. Falar sempre no mesmo ritmo e volume deixa os ouvintes entediados e é bem capaz que eles peguem no sono e não dêem a menor bola para o que você está dizendo. Quando uma platéia está tensa, inquieta, nervosa ou até mesmo constrangida por um orador do tipo "bombástico", ela simplesmente se desliga e procura uma alternativa mais agradável para o momento: pensar na namorada, bater-papo, ou até mesmo, se bobear, cochilar ou chegar ao extremo do ronco.
Píndaro (5331422 a.C.) costumava dizer que 'tudo quanto se diz deve ser dito em uma voz que deve ser ouvida'. Pratique alterar a variação, o ritmo e a cor da sua voz. A maioria das pessoas não tem idéia de como soam as suas vozes e quão reveladoras elas podem ser. Você pode fazer com que o que diz soe melhor e signifique mais para quem está ouvindo. É só uma questão de treinamento e dedicação.

Curiosidades

Um detalhe bastante curioso e que nos chama a atenção, é que todos os elementos que compõem o mecanismo da fala têm outras funções no corpo humano e que são mais vitais. Curiosamente, estes órgãos servem à fala secundariamente. A voz ocorre normalmente na expiração, mas a produção de sons não é a função primária dos pulmões e muito menos da laringe, órgãos do aparelho respiratório. As cordas vocais, que são importantíssimas para a voz, servem fundamentalmente à proteção dos pulmões. Da mesma forma, a faringe, a língua, os dentes e tudo mais que participa da articulação dos sons na fala, têm outras funções mais vitais no organismo. A linguagem, então, é uma função humana sobreimposta, um resultado do uso especializado de mecanismos cujas partes servem prioritariamente a outras funções essenciais à vida. Entretanto, eu diria que a necessidade de contato com o outro é tão grande que o homem misturou órgãos da digestão pela "fome" que tem deste contato; órgãos respiratórios porque relacionar-se, sentir o outro é a própria razão de sua existência - é daí que surge a energia para continuar sendo e crescendo enquanto espécie. A razão que pode justificar a possibilidade da fala no homem é que este sempre necessitou de uma sociedade para permanecer vivo e se desenvolver como tal. Desde o início dos tempos o homem foi forçado a viver em grupo para se proteger e esta necessidade gerou uma outra, igualmente importante, e sem a qual suas chances de reexistências seriam bem diminutas: a necessidade de se comunicar. Desta forma, a fala, que pode ter sido apenas uma possibilidade anatômica inicialmente, tornou-se uma necessidade virtual.
Alguns animais, especialmente certa espécie de macacos, têm os mesmos mecanismos vocais capazes de produzir sons para um complexo sistema lingüística, porém são incapazes de usá-los tal como o homem. A diferença está, não na estrutura do aparelho fonador, mas no córtex do cérebro humano que é bem superior à estrutura cerebral dos animais inferiores.
Através da fala podemos observar muitas informações de uma pessoa, sua personalidade, seu estado físico e emocional e o grupo social a que pertence, sua origem. Há bem pouco tempo foi descoberto um mendigo que morava sob uma ponte, o qual já havia tido uma vida de grandes posses e ostentações. A descoberta deu-se por uma pessoa que morava nas redondezas e que observou as palavras rebuscadas que ele utilizava e como conduzia bem os assuntos que surgiam, ilustrando com fatos, dados culturais. Além disso, se observarmos a voz poderemos observar também dados clínicos. Pessoas com problemas de pressão baixa, por exemplo, tendem a apresentar urna voz que parece "sair da nuca" abafada e sem vigor. Pessoas tímidas tendem a falar baixo, depressivos a apresentar voz embargada, trêmula e assim vamos descobrindo um pouco do 'uni- verso do outro".
As diferenças lingüísticas entre povos de países diferentes, de cidades diferentes ou até mesmo de núcleos ou famílias diferentes projetam um conteúdo de linguagem que caracterizam esta sociedade. No Brasil, país de dimensões continentais, somos perfeitamente capazes de distinguir o caipira, o sulista, o nordestino, o carioca, apenas pelo sota- que ou pelo tipo de gíria inserida no discurso. Quem viveu a jovem-guarda da, movimento cultural brasileiro, e foi feliz nesta fase, mantém em seu discurso gírias como "bi- cho-grilo", "mora".
Pessoas que ingressam em partidos políticos usam em seu discurso palavras do tipo "companheiro" etc. Hoje em dia, nossos filhos reconhecem termos como "é ruim heim", "sangue bom', "ali, eu tô maluco', entre outros.
A personalidade humana é um produto social desenvolvido e educado a partir da interação entre a criança que cresce e o meio que a rodeia. Este processo de socialização é especificamente oral até que a criança, por meios próprios e pela leitura, consiga manifestar alternativas de linguagem. De acordo com vários psicólogos, a fala parece ter um papel duplo ao determinar a personalidade: o que "eles dizem' e o que "eu digo" serve de princípio para a formulação de uma idéia própria, individual e que expõe ao mundo um complexo juízo intelecto/emocional.

CAPÍTULO 5. QUAL O PERFIL DO COMUNICADOR EFICAZ?

BASES PARA A COMUNICAÇAO EFICAZ

Para que haja comunicação de uma forma objetiva é preciso que alguém esteja disposto a se expressar e outro a captar tal expressão. Essa afirmação, que a princípio parece tão-somente encerrar o óbvio, traz embutida uma série de condições indispensáveis e que precisam ser observadas com certo rigor, verificando do todos os detalhes da comunicação já abordados anteriormente.
Não basta que o tema ou assunto seja de interesse de quem ouve. É preciso que todo o processo o seja. Não basta só usar um código lingüística apropriado e/ou utilizar modernos recursos audiovisuais para enviar sua mensagem. E preciso também cativar a atenção e o interesse do receptor. Se ele, simplesmente, não estiver a fim de "captar", não há comunicação eficaz.
A comunicação, para ser bem realizada para os grandes públicos, depende basicamente da qualidade com que é exercida com o outro. O relacionamento interpessoal é muito importante, principalmente porque vai fornecer subsídios de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.
E todo ser humano é regido pela emoção. Não adianta munir-se de todas as técnicas possíveis, se há o risco de ser traído pela ansiedade ou nervosismo. É preciso conhecer nossas manifestações psíquicas antes de qualquer outra coisa para sabermos utilizar nossas melhores qualidades em suplência aos nossos pontos fracos.

AFINAL, COMO VOCÊ MANIFESTA SEU NEVORSISMO?

Observando o comportamento de pessoas que se comunicam em público, temos verificado os sintomas de nervosismo que apresentamos na tabela da próxima página.
Se pararmos para pensar na nossa vida, vamos observar que o nervosismo diante da situação desconhecida sempre hospedou nossa mente. Momentos bons e ruins foram precedidos de nervosismo. Ao ser entrevistado recentemente, Amir Klink admitiu ter medo das situações que encontraria em sua fantástica viagem náutica, mas que este medo aumentava quando ele pensava na possibilidade de conviver com o arrependimento por não tê-la feito! É isso mesmo! O medo existirá em nossa mente enquanto vivermos, mas não podemos viver em função dele. O nervosismo e o medo são fraternos: medo de que ocorra alguma coisa errada, medo da avaliação do ouvinte... Mas observe que estaremos sempre sujeitos à avaliação do outro, mesmo quando não estamos nos comunicando intencionalmente. Quem nunca observou o filho mais novo imitando os gestos do papai, querendo vestir suas roupas ou mesmo falando como ele? Será que a criança já não estava avaliando aquele pai? Onde será que as menininhas aprendem a lidar com bonecas?

NÍVEL FÍSICO Corpo tenso, caminhar rígido, sudorese nas extremidades, tremores, rubores, gagueira, hiperpnéia, velocidade de fala, voz débil, agitação.
NÍVEL MENTAL Autocrítica acirrada, obsessão, pensamentos debilitantes, auto-rejeição e auto-imagem negativa, lapsos de memória ("brancos"), dependência de objetos, agressividade, angústia, incapacidade de defender seu ponto de vista, incapacidade para lidar com críticas ou contrariedades, mutismo, medo paralisante de se comunicar, incapacidade de olhar nos olhos dos ouvintes, afastamento, falsa liderança, complexo de inferioridade.


Para driblar o medo e o nervosismo nada melhor do que uma overdose de autoconfiança (concatenada em autoconhecimento) e muita humildade.
Pense no aspecto social de se comunicar com o público e não apenas em sua performance.- Doe-se! Saia de si e busque acrescer o outro! Este é o grande segredo do sucesso!

A PRESENÇA EM CENA

Um apresentador, diferentemente do que se supõe, não precisa de carisma ou talento artístico. Na realidade, ele precisa tão-somente ter 'presença em cena", que em outras palavras pode ser definida como o conjunto dos três “cês” fundamentais: calma, competência e confiança.
• Calma. O nervosismo natural diante de um grupo pode ter duas causas principais: uma é a adrenalina que é lançada automaticamente na corrente sanguínea sempre que o indivíduo se depara com uma situação de crise. É uma defesa imediata do corpo para reagir a uma situação de emergência. Superada esta situação, o nível de adrenalina no sangue volta ao normal. A grande maioria dos apresentadores tem estas reações antecipadas. É, de certa forma, até normal. Já a segunda fonte de nervosismo é a insegurança que, normalmente, é gerada pelas incertezas, sejam quanto à própria aparência ou quanto ao domínio do assunto em pauta. Para ambos os casos, a solução é simples: dominar completamente o tema e cuidar adequadamente da aparência, ou seja, nada que uma pessoa razoavelmente inteligente e cuidadosa não consiga fazer.
• Competência. Nada pode dar mais segurança a um apresentador do que a consciência de que domina completamente o assunto que está ou vai entrar em pauta. E a isso chamamos competência. Competência é conquista. É conseqüência de um acordo firmado entre a inteligência e a dedicação. A pessoa pode até não ser "brilhante" em termos de raciocínio, mas terá oportunidade de ser competente se dedicar esforço e determinação para sê-lo. Creia que a maioria das pessoas "talentosas" que você conhece, conseguiram este conceito muito mais pela "garra" do que por "premiação do destino".
• Confiança. A confiança é, em grande parte, um subproduto da competência, ou sua conseqüência natural. Ninguém teme escrever o próprio nome, não é mesmo? Todos têm suficiente certeza de que sabem assiná-lo até de olhos fechados. Isto é confiança. Confiança gerada da "certeza de saber".

Lembre-se:

“Em determinadas horas, mais vale um belo sorriso do que um belo currículo.”

ACEITAÇÃO DE SI MESMO
ou como aprender a dizer “sim”e a dizer “não”

Quando deixamos que nossos paradigmas pessoais limitem nossa criatividade e crescimento, estamos paralelamente fechando muitas portas em nossas vidas. Aqueles que nem se sujeitam a uma exposição em público fazem parte deste grupo de pessoas e, possivelmente são aqueles que não reclamam a mercadoria com defeito ou que compram qualquer produto por não saber dizer "eu não quero isto"! É mais fácil reestruturar nossos limites do que mostrá-lo ao outro. Neste jogo de direitos e deveres, são aqueles que têm mais deveres e menos direitos, mas notem bem, alguém está saindo beneficiado neste jogo de abnegação, pois esses dois pontos têm sempre de estar em equilíbrio. Não esta mos fazendo uma apologia à agressividade, porém devemos ressaltar a importância de saber controlar-se diante das relações interpessoais e incrementar a autoconfiança, sem com isso perder a espontaneidade, nem tampouco adquirir uma postura hostil diante das situações que requerem um "não".



Eu sou livre!
Conheço-me muito bem!
Estes são meus sentimentos e é isso o que eu quero!

Um pouco de liberdade não faz mal a ninguém! Para comunicar-se bem é preciso ter uma postura ativa diante da vida e de si mesmo e, antes de tudo, manter uma postura sincera, aberta e adequada consigo. É preciso deixar de pensar e concluir individualmente sobre as coisas (comportamento comum em quem tem medo de se expor) para incrementar a vida com vivências e ações! Correr um pouquinho de risco faz um bem enorme! Experimente! Existe uma receitinha bem simples para vencer os nossos paradigmas: mantenha uma conversa com você mesmo e se pergunte a toda hora: POR QUE NAO?
Encontrei um aluno em um curso de “Como falar em público”, que realmente se revelou um ótimo comunicador. Em uma turma formada por executivos que tremiam nas bases só de pensar em enfrentar um palco, o rapaz conseguia ser divertido e passava a sua mensagem bem. Durante um debate, todos foram perguntar-lhe curiosos, como ele fazia para não se intimidar diante daquele público, sabendo-se até que seus diretores estavam presentes:

• Muito simples: eu imagino a todos de cuecas e meias pretas!

Análise da situação: muitas vezes nos intimidamos diante do outro porque valorizamos sua posição social, seu status ou outras infinidades de detalhes. Isto é imposto pelos nossos próprios paradigmas e precisamos nos desvencilhar destes limitadores do nosso crescimento!

PARA SER UM “COMUMCADOR” BEM-SUCEDIDO

O pessoal da neurolingüística traduz a 'coisa" do sucesso de uma forma bastante simples e não menos interessante. Para eles, ter sucesso é tão-somente atingir as metas preestabelecidas. Quanto mais metas são atingidas, maior é o sucesso. Isto requer algum rigor e disciplina, mas vale muito mais a pena do que este excesso de complacência que damos ao tempo que estipulamos para atingir determinadas metas. É muito comum começarmos o ano dizendo que no decorrer do novo vamos emagrecer oito quilos, vamos parar de fumar, vamos juntar aquele dinheiro para trocar de carro e tantas outras coisas, que no Natal vamos verificar que não só não conseguimos realizar a décima parte daquelas metas, como também estamos seis quilos mais gordos! E há aqueles que acham que o Natal é uma data meio depressiva - a culpa de nossos fracassos é o 25 de dezembro. E o pior de tudo: no Ano Novo estamos lá, envolvidos em bolhinhas de champagne e mais tantas outras metas para o novo ano. E assim, vamos passando a nossa vida, como se tivéssemos toda uma eternidade para concretizarmos todos os nossos sonhos. Talvez esteja faltando um pouco de fome de viver! Será que se passássemos a viver com a sensação de que a nossa morte seria na semana seguinte, passaríamos tanto tempo desperdiçando a nossa vida?
Vendo a questão sob este aspecto, fica logo subentendido que sucesso é conseqüência de boa quantidade de trabalho e, é claro, de uma certa parcela de inspiração. Afinal de contas, a experiência nos mostra que só com trabalho o máximo que o homem consegue é trilhar o seu destino pulando feito o Saci Pererê. Ele precisa dar polimento na sua 'estrela' e deixá-la luzindo no canto do cérebro. É esta associação, a da inspiração com o trabalho, a única parceria possível de levar o homem para frente.
Vamos então acreditar, independente da crença e religião de cada um, que a vida não é nossa: que esse sopro que alimenta nossa alma nos foi emprestado por alguém e que cabe a nós fazer o melhor uso dele, com todo o cuidado que dispensamos ao valioso que nos foi emprestado, mas que ao prestar contas na hora da devolução, temos de deixá-lo em condições muito melhores do que as em que recebemos, senão, como vamos pagar aquilo que não tem preço?
Para quem optou pelo caminho da 'comunicação' a proposta não é diferente na sua essência. Ele precisará se comprometer, como todas as pessoas que procuram o sucesso, com a curiosidade, com a coragem, com a determinação e com a inspiração.
1. O compromisso com a curiosidade

Já dizia Eleanor Rooseveit que: 'A vida foi feita para ser vivida e a curiosidade para ser mantida viva'. E acrescentava Jung: 'A curiosidade é a porta do desconhecido e a janela da verdade'.
Ver faz pensar, ouvir faz pensar, experimentar faz pensar e pensar faz pensar. As oportunidades são estas, e estão prontinhas no caminho de cada um. Alguém que almeja o sucesso não pode responder “Não sei!”; ele precisa aprender a responder “Ainda não sei!”. Não pode se tomar pela indolência da satisfação e pela crença do suficiente.
Comece por relacionar trinta coisas que você ainda não sabe e que precisa saber com urgência. Depois relacione as fontes e os recursos que você precisará para aprender estas trinta coisas com urgência. E então comece a aprender. Comece aprendendo a procurar as fontes e os recursos.
Se você optou pela "comunicação', vai precisar, antes de mais nada, saber tudo sobre o que você propõe “comunicar” e saber tudo sobre como “comunicar”. E este tudo é o mínimo que você pode cobrar de si mesmo. Pare de sentir pena de si mesmo, de ser excessivamente paternal com suas fraquezas. Exija mais de seus atos, extrapole sempre as suas expectativas, que devem ser as mais altas possíveis!
Todos os "profissionais" têm duas alternativas de vida:
• Contentar-se em ser mais ou menos no que faz, ou
• Contentar-se somente em ser excelente.

Para quem se contenta em ser só razoável não há muitos mistérios pela frente, porém, quem quer ser “excelente”, não pode parar no tempo e no espaço. Precisa “beber” curiosidade diariamente. Beber muito, contudo, sem jamais sentir-se saciado.

2. O compromisso com a coragem

Coragem é a força moral que leva o homem a aventurar-se, a enfrentar o “perigo” com real disposição de vencê-lo. Eventualmente, todos nos vemos diante de situações que exigem esta “condição-extra” da nossa personalidade. Algumas vezes engrenamos uma quarta marcha e vamos em frente, noutras engatamos a ré e nos acomodamos sob a desculpa da “retirada estratégica”.
Na realidade, esta coragem é apenas um detalhe, mas que faz enorme diferença no meio do caminho. Um detalhe que decide quem vai em frente e quem fica onde está. E o "homem de comunicação" precisa dela para defender as suas idéias, para enfrentar riscos e para agir.
Sem coragem para defender seus pontos de vista e suas opiniões, o homem entrega os pontos antes do soar do gongo. E, entregando os pontos, entrega também a sua dignidade.
É preciso, contudo, não confundir coragem com insubordinação, intolerância ou precipitação. Coragem é tão-somente confiança, e confiança é resultado da competência.
O medo nunca levou ninguém a lugar nenhum, a não ser para trás. Isto não quer dizer que o medo seja um sentimento absurdo e que só assola as pessoas fracas, não é isso. Todas as pessoas normais sentem medo. Até os corajosos. A única diferença é que uns se submetem a ele enquanto outros reagem contra ele.
Aprendi, certa vez, com um velho professor japonês, uma lição no mínimo curiosa e que, por ser curiosa, é digna de alguma reflexão. Ensinou-me ele: “Diante de uma situação que lhe cause medo, imagine uma grande balança com dois pratos. Em um dos pratos ponha a sua vida e, no outro, o motivo do medo. O que for mais valioso pesará mais. Faça assim e veja como se torna bem mais fácil vencê-lo. É lei da natureza: o mais valioso prevalece sobre o menos valioso.”

3. O compromisso com a determinação

Seu terceiro grande compromisso é com a determinação. A curiosidade e a coragem que já tomam conta do seu espírito precisam de um peso que as sustente. E este peso é a consistência dos seus propósitos.
É preciso ser determinado. Há uma diferença sutil entre coragem e determinação e que faz com esta seja uma outra condição e não um complemento daquela. Porque você pode ser determinado até mesmo quando lhe falta a coragem, ou seja, é a determinação quem lhe avivará os brios e não deixará que você se contente com as primeiras vitórias ou as primeiras conquistas.
Um homem precisa de:
• Curiosidade para aprender,
• Coragem para experimentar, e
• Determinação para vencer.

Siga o conselho de Benjamim Franklin:

“Resolva fazer o que deve fazer e faça, sem hesitação, o que houver resolvido”.

O Eu disse e repito com a mais absoluta convicção histórica: só com trabalho, por mais intenso e dedicado que seja, ninguém alcança o sucesso. É preciso mais do que isso; é preciso inspiração.
Se o trabalho fosse o princípio do sucesso, milhões e milhões de trabalhadores espalhados por este mundo afora e que trabalharam oito horas por dia durante trinta e cinco anos seguidos, ou mais até, fatalmente teriam chegado lá e experimentado o gostinho do sucesso. Mas a realidade que se apresenta a nossa frente não é bem esta.
Nelson Rodrigues já dizia, muito a propósito, que "O homem precisa de inspiração até para atravessar a rua". Porque, inspiração, nada mais é do que uma 'dica" de Deus, da vida, do destino, ou de qualquer outra coisa que você creia como "acima de tudo". E você precisa, tão-somente, é estar atento a ela.
Havia um farmacêutico na cidade de Atlanta, que fabricava tintura para cabelos, pílulas para o fígado e xarope para tosse. Uma vidinha besta como ela só. Até que um dia vai até o fundo da farmácia e encontra dois de seus empregados bebendo uma mistura de água com o seu novo xarope para dor de cabeça. E nenhum dos dois estava com dor de cabeça. Em vez de brigar, resolveu experimentar aquela "coisa". Nada mal... talvez seja melhor acrescentar um pouco de soda para ficar efervescente... Bem melhor agora!...
No dia seguinte, John Pemberton decide vender aquela bebida na sua loja. Um nome para aquele produto? Que tal Coca-Cola?
Se ele não estivesse "ligado", provavelmente o Mundo não teria conhecido o "maior produto do século vinte". Pemberton, com certeza era só uma dessas pessoas que costumam ficar atentas às coincidências do destino; que costumam deixar a razão auto-suficiente de lado para ouvir o "barulho do vento". O nome disto é "inspiração".
Antes de Copérnico, Einstein, Pasteur, Freud, Edison, tudo era diferente. Que trabalharam muito para chegar onde chegaram, ninguém tem a menor dúvida. Porém, milhões de outros homens, igualmente talentosos, também trabalharam muito... e não chegaram lá.
Nós começamos a entender estudando suas biografias. Todos, incondicionalmente todos, valorizavam por demais o "barulho do vento". Até mesmo Thomas Edison que, com a humildade dos sábios, costumava dizer que "genialidade é o resultado de dez por cento de inspiração e noventa por cento de transpiração". Que fossem só cinco por cento de inspiração... já seria ótimo!

O mal é que nós, seres racionais, privilegiamos demais a razão. Achamos, por pura ingenuidade, que a vida é matematicamente organizada e que todas as coisas seguem princípios rígidos e inexoráveis. Só não sabemos explicar a existência das girafas, dos camelos, da poesia de Bandeira, de uma tela de Van Gogh. A grande história da humanidade contesta toda essa racionalidade cantada e decantada pelos técnicos e "matematocratas".
As idéias vivem caindo do céu, assim, de graça. A diferença é que alguns usam um guarda-chuva para proteger-se e outros, aprenderam a usá-lo de cabeça para baixo, e o aproveitam como coletor; uns ficam atentos e outros auto-suficientes, trancam-se nos seus escritórios ou laboratórios, e vertem baldes e baldes de suor para, simplesmente, nada.
É preciso aprender o seguinte:
• As idéias caem do céu na cabeça dos curiosos.
• As idéias aparecem no caminho dos determinados.
• As idéias preferem cruzar o caminho dos corajosos.
• As idéias são simplesmente idéias. Você tem de fazer o resto.

Portanto valorize a sua capacidade de ter idéias. Deixe aquele orgulho de lado ao achar que todas as suas idéias são exclusivamente resultados da sua inteligência. Podem até ser, mas você não sabe a partir de onde e desde quando passaram a ser.
Levi Strauss era só um mascate na cidade de Kentueky. Certo dia ouviu falar no ouro da Califórnia, tomou o primeiro navio e foi para São Francisco tentar a vida como minerador. Para ganhar algum dinheiro enquanto o ouro não aparecesse, levou umas mantas de lona, próprias para tendas, e tentou vendê-las. Fracasso absoluto. Ninguém se interessou por elas.
Já trabalhando na prospecção, reparou que as roupas desgastavam muito e logo se rasgavam. Procurou então um alfaiate e pediu que este lhe fizesse algumas calças com aquela lona “rejeitada”. E todos se interessaram por elas. Nasciam os jeans.
Dois garotos brincavam em uma pracinha de uma cidade do interior quando viram um enorme balão colorido cruzando o céu. Um deles, então, falou:

- Olhe que balão lindo! Eu vou pegá-lo!
O outro, mais prudente, ponderou?
- Mas como? Ele está muito alto, não vai cair agora.
Retruca o primeiro:
- Não faz mal! Eu vou atrás dele!
- Mas ele vai cair muito longe!
- Eu vou correndo!
- Mas ele pode cair no mar!
- Não tem problema, eu pego ele!
- Mas você não sabe nadar!
- Eu aprendo!

No dia seguinte, pela manhã, lá estava o balão, todo colorido, no meio da praça, sendo admirado por uma centena de curiosos. Adivinhe: qual dos dois garotos pegou o balão?

DECÁLOGO DO COMUNICADOR BEM-SUCEDIDO

1. Procure saber tudo a respeito do assunto que vai tratar.
2. Procure saber tudo a respeito do seu público.
3. Procure saber tudo sobre o canal que você vai usar.
4. Seja, acima de tudo, ético.
5. Duvide sempre quando achar que já sabe tudo.
6. Tenha coragem para defender suas posições.
7. Fale quando souber, escute quando não souber.
8. Seja elegante ao discordar.
9. Seja prático ao explicar.
10. Confie no seu taco.

OS PECADOS CAPITAIS DO APRESENTADOR
(um resumo prático, para ser consultado na última hora!)

• Olhar para o chão ou para o teto, olhar um ponto vago.
• Olhar para um só elemento do grupo.
• Falar com um tom de voz muito alto ou muito baixo.
• Falar devagar ou rápido demais.
• Ficar parado todo o tempo.
• Querer ser o dono da verdade, usar "eu" demais ou abusar dos exemplos pessoais, toda hora dizer seus títulos pessoais.
• Declarar que não teve tempo de preparar-se para o evento.
• Declarar que está nervoso.
• Não usar adequadamente os recursos audiovisuais.
• Não se preparar adequadamente para a reunião ou palestra.
• Não se apresentar à platéia.
• Portar-se inadequadamente mascando chicletes.
• Apresentar-se com trajes impróprios.
• Abusar dos vícios de linguagem (né, taí, tá legal etc.).
• Cometer erros grosseiros de concordância.
• Portar algum acessório que possa competir com sua mensagem (pulseiras e relógios, chaveiros, canetas ou papéis como apoio, óculos nas mãos ete.).
• Usar perfume forte demais.
• Fumar durante sua apresentação.
• Deixar o celular à mostra e ligado (nada mais chato!).
• Utilizar, de forma evidente, fonte de consulta para apoio em sua palestra, quebrando a cadência do discurso e conseqüentemente do raciocínio da platéia.
• Não saber conduzir bem as perguntas e transformar sua apresentação em uma feira livre.

PESQUISa: PROFA. SILVÂNIA MENDONÇA ALMEIDA MARGARIDA

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